Notícias

Fazer-se Escolápio em nossos dias

Fazer-se Escolápio em nossos dias

“Todos e cada um, firmes no Senhor, que não cessa de chamar, nos entregamos, cada vez com mais ardor, no trabalho pastoral, para despertar e consolidar as vocações, recordando a palavra do Senhor: ‘A messe é grande e os operários poucos’.”, assim começa o Capítulo 9 de nossas Constituições (nº 103), chamando-nos a trabalhar em nossa missão de educar para a transformação em Piedade e Letras e, a partir de nosso exemplo, fazer arder no coração de tantos jovens o carisma que nosso Santo Pai Fundador recebeu, e nós nos tornamos herdeiros.

A partir do que nos fala nossas constituições, a pergunta que nós podemos nos fazer é: Como fazer-nos Escolápios nos dias atuais? Proponho cinco pontos para refletirmos juntos, desde que esses pontos, em meio de tantos outros, foram “caindo” em meu coração e produzindo muitos frutos.

Se o Religioso Escolápio não vai atrás de Jesus, está equivocado. Em uma cultura em que todos são chamados a ser os primeiros, a ser independentes ou renunciar a nada, nós religiosos (as) somos convidados(as) e, até mesmo, faz parte da nossa vocação, a ser sinal de contradição cultural. Somos aqueles que seguem a Cristo mais de perto, deixando com que ele tome a nossa mão e nos ensine a melhor maneira de amar e servir. Creio que o autoconhecimento, que não acontece do dia para a noite, mas um processo que dura toda uma vida, pode nos ajudar, cada dia mais, a ir construindo uma relação de seguimento autêntico, manifestando em nossa consagração e amor universal. Recordemos que o 48° Capitulo Geral nos convida a ter nossa vida centrada em Jesus, considerando que as vocações pessoal e comunitária estão intrinsecamente ligadas.

Enxergar os sinais do tempo. Quando deixamos com que Jesus vá a frente de nossa vida e de nossa missão, começamos a vivenciar um processo contínuo de discernimento, no qual, aprendemos com Jesus e a partir d’Ele a discernir a vida, para saber interpretar os sinais dos tempos. A Vida Religiosa é convidada a responder aos sinais dos tempos com maior claridade. E para nós, Escolápios, os sinais dos tempos estão relacionados à educação de qualidade e Integral (Piedade e Letras) para todas as crianças, adolescentes e jovens, especialmente as mais pobres. Devemos ajudá-los a encontrar um sentido humano na vida.

Creio que conseguiremos enxergar os sinais dos tempos em relação a nosso Carisma e missão se construímos um Processo de Identificação. Em uma sociedade líquida, precisamos estabelecer e ter plena consciência de nossa Identidade. Construir e reafirmar nossa identidade enquanto Escolápios é de fundamental importância para que exerçamos a missão de maneira que seja frutífera. O processo de configuração da nossa vida com a vida Escolápia deve ser exercido de maneira constante e progressiva. Necessitamos conhecer bem a Ordem, nosso Fundador, nossa missão e nossa identidade. Somos chamados a viver um Ministério Insubstituível e, portanto, devemos estudar e aprofundar, para encarnar na nossa vida, fortalecendo, assim, nossa identidade a partir do encontro com crianças e jovens, especialmente as mais pobres, como aconteceu com São José de Calasanz

E, por último, mas não menos importante, destacaria dois pontos que, a meu ver, estão muito ligados: A vida comunitária e a Alegria. A comunidade é nossa referência escolápia e, por isso, a nossa vocação é impensável sem a experiência fiel, compartilhada e alegre na comunidade escolápia. A alegria é um termômetro da nossa vida de comunidade. É na comunidade que nós devemos fazer a experiência de que juntos e compartilhando as alegrias e desafios, somos sinais de vida e de transformação. Devemos aprender o exercício de viver em comunidade, só assim poderemos testemunhar para o mundo que é possível a construção de uma grande comunidade. A Eucaristia, vivenciada como centro de nossa comunidade, nos ensina o que afirma o Capitulo Geral “A celebração da Eucaristia é para nós um itinerário de vida, incorporando no nosso estilo de vida aquilo que celebramos ritualmente: acolhimento, perdão, escuta da Palavra, oferta dos dons, vida dada, ação de graças e envio em missão”. Estou certo de que, também, por meio da vida comunitária, seremos testemunhas da alegria do Evangelho traduzido em nosso Carisma.

Peçamos a Maria, Senhora das Escolas Pias, que nos ajude a ser religiosos que sejam sinais para o nosso tempo, fazendo-nos escolápios para responder a tantos apelos de nossas crianças, adolescentes e jovens. Que São José de Calasanz nos una cada vez mais.

Ir. Marcus Túlio de Maria e José, Sch. P. 

Pesquisar